A capelinha-de-melão é um pequeno auto do Rio Grande do Norte, com cânticos pastoris e danças, realizado na noite de São João.
Acompanhado por orquestra de violão, rabeca e clarineta solista (atualmente incluem-se sanfona e pandeiro), um grupo de moças, em número par, exibe-se num tablado ao ar livre, com roupas e sapatos brancos, tendo à cabeça uma capelinha de flores de melão-de-são-caetano, em torno de um diadema enfeitado com papel crespo.
Cada dançarina possui uma tira larga de cetim (hoje substituído por papel crepom), vermelho ou azul, que, partindo do ombro esquerdo, termina por um grande laço na cintura direita. Estão elas divididas em duas alas, entre as quais caminha a Diana, figura clássica, com faixas azul e vermelha entrecruzadas no busto.
As participantes cantam e dançam, tendo à mão uma lanterninha com vela acesa e uma bandeirola com a efígie do santo. Depois que sobem ao palco-tablado, deixam as lanternas, mas continuam segurando as bandeirinhas.
O bailado tem de oito a dez partes, com coreografia e cantos próprios, terminando todas com o estribilho: “Capelinha de melão / é de São João, / é de cravo, é de rosa, / é de manjericão” — que também é canto dos foliões da capela.
No fim da última parte, duas dançarinas retiram o diadema da cabeça e, substituindo-o por panos enfeitados com moedinhas de papelão dourado ou canutilhos, assumem aspecto de ciganas (hoje substituídas por baianas): com uma bandeja na mão, percorrem a platéia masculina pedindo esmolas, ao som de um canto, respondido em coro pelas que permaneceram no tablado.
Em São Miguel do Gostoso desde o meado de 2009 uma equipe da AMJUS (Associação de Meio Ambiente, Cultura e Justiça Social) vem desenvolvendo um projeto de pesquisa que tem como objetivo a investigação e descrição da dança Capelinha de Melão através de entrevistas junto a antigas dançarinas e moradoras da cidade de Gostoso. O projeto está sendo coordenado por Rafaela Dones da Silva, estudante de Pedagogia, juntamente com Francisco dos Anjos Cardoso, pedagogo, e Daniele Dones da Silva, ingressando no curso de História/UERN.
Em entrevista, Dona Maria Neri, contou que a Capelinha era, antigamente, um grande atrativo para a população, dançavam horas e não faltavam pessoas para assistir as apresentações, os rapazes até aproveitavam para flertar com as meninas do grupo. Diz ainda, que hoje as pessoas esquecem o que é bom e que os pais, muitas vezes ensinam coisas de pouco valor para os filhos. Segundo ela, o folguedo existiu em Gostoso por muitos anos e era passado de geração para geração até cair no esquecimento.
Atualmente, com o material da pesquisa organizado, a diretoria da AMJUS se articula para fazer a gravação da música em mídia digital e a equipe de trabalho do projeto já dá início às atividades de devolução da Capelinha para a comunidade de São Miguel do Gostoso através do trabalho educacional com adolescentes.
Fontes:
Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.
Tribuna do Norte